
LOC.: O presidente Jair Bolsonaro vetou na íntegra o projeto de lei que trata do procedimento conhecido como desconsideração da personalidade jurídica, pelo qual se pode cobrar dos sócios ou responsáveis obrigações da empresa.
Em nota, a Presidência da República informou que a suspensão da norma ocorreu após consulta ao Ministério da Economia, à Controladoria-Geral da União e à Advocacia-Geral da União. O Executivo argumenta que o texto seria contrário ao interesse público e “geraria enorme insegurança jurídica ao aplicador do Direito”, uma vez que, segundo a nota, a matéria de desconsideração da personalidade jurídica já se encontra disciplinada pelo Código de Processo Civil.
A deputada Ângela Amin (PP-SC) defendeu a matéria.
TEC./SONORA: Dep. Ângela Amin (PP-SC):
“Quem critica não participou da discussão, e ela foi bastante aberta. Então é muito fácil, e o processo legislativo é um processo permanente de discussão, de aperfeiçoamento, e aqueles que entendem que não houve avanço devem nos apresentar as sugestões para que a gente continue discutindo, mas eu tenho certeza que foi um avanço”.
LOC.: O advogado especialista em direito empresarial, Fernando Brandariz, garante que a legislação buscava preservar apenas os bens privados dos sócios.
TEC./SONORA: Fernando Brandariz, especialista em Direito Empresarial.
“São os casos excepcionais - abuso do direito, confusão patrimonial -, ao qual transfere o ivo da empresa, que está sendo executada contra a empresa, em desfavor dos seus sócios”.
LOC.: Ao contrário do que alega o Executivo, a preocupação de Brandariz fica por conta da insegurança jurídica que pode acontecer justamente na ausência de uma legislação que balize as decisões do Judiciário.
TEC./SONORA: Fernando Brandariz, especialista em Direito Empresarial.
“Se o empresário for investir, abrir um negócio sabendo que qualquer inadimplemento por parte de empresa, seu patrimônio pessoal poderá ser responsabilizado, isso impede ou dificulta também, investimento”.
LOC.: Depois de mais de 14 anos de tramitação, o projeto foi aprovado pelo Congresso Nacional no fim de novembro, quando aconteceu sua votação final na Câmara dos Deputados. Agora, os parlamentares têm até 30 dias para decidirem se derrubam o veto.
Reportagem, Álvaro Couto.