
LOC.: A segunda etapa do estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) “Desenvolvimento Regional no Brasil”, aponta que o crescimento das aglomerações industriais em microrregiões do país cresceu 32% no período entre 1995 e 2015.
Segundo o Ipea, em 1995, das 580 microrregiões do Brasil, 85 tinham mais de 10 mil empregos na indústria. Vinte anos depois, esse número quase dobrou – ou a ser de 160. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentaram elevação superior à média nacional em aglomerações industriais.
O pesquisador do instituto e um dos responsáveis pelo estudo, Aristides Monteiro, destaca que a agropecuária e a busca da indústria por incentivos fiscais são alguns dos fatores que explicam a interiorização da atividade industrial no Brasil.
TEC./SONORA: Aristides Monteiro, pesquisador do Ipea.
“As aglomerações industriais que mais crescem são as de menor tamanho, são aquelas que tem entre 10 mil e 20 mil empregos. Por exemplo no Centro-Oeste, a força dos negócios da agropecuária, a ascensão das exportações de soja de milho para o mercado internacional. O que aconteceu no Nordeste tem a ver mais com a expansão do mercado interno e da renda regional. O mesmo ocorreu na região Norte.”
LOC.: A pesquisa do Ipea revela que algumas microrregiões do Brasil apresentaram crescimento de Aglomerações Industriais Relevantes até quatro vezes superior à média nacional.
No município de Alto Teles Pires (MT), por exemplo, o número de empregos industriais subiu de 904 em 1995 para 14.113 em 2015. O salto representa taxa de crescimento de 14 % - a média nacional é de 1,8%.
Segundo o pesquisador Aristides Monteiro, a interiorização da atividade industrial no país resulta em aumento do mercado consumidor e aumento da receita de governos municipais e estaduais.
TEC./SONORA: Aristides Monteiro, pesquisador do Ipea.
“A interiorização da indústria significa uma expansão da arrecadação de impostos, nos locais onde ela está. Então ganha os municípios, ganha as prefeituras, ganham os governos estaduais. Só faz bem para o interior do Brasil um setor de crescimento que vai em direção ao interior.”
LOC.: As regiões Sudeste e Sul continuam como os grandes polos industriais brasileiros, com 73% das AIRs - total de 160 - no país até 2015. O percentual, no entanto, diminuiu ao longo dos 20 anos de análise. Em 1995, era de 78%.
O estudo completo do Ipea pode ser encontrado no site do instituto, através do ipea.gov.br.
Reportagem, Thiago Marcolini.